31.10.10

talvez eu estivesse embriagada, afinal, porque foi tão lindo quando Harriet começou a fazer amor comigo... Já passavam de quatro horas quando fomos para cama - e ainda conversamos um pouco... Na primeira vez em que Harriet me beijou, eu ainda estava dura, mas dessa vez foi porque eu simplesmente não sabia como, não que eu não tenha gostado (como aconteceu com o Jim)... Ela fez alguma piada sobre o fato de o esmalte dos seus dentes terem ido embora - a gente conversou mais um pouco e, só quando fiquei inteiramente consciente de que eu a desejava, ela soube disso também...
Tudo foi tão concentrado que chegou a doer no fundo do meu estômago, fui subjugada no atrito contra ela, o peso do seu corpo em cima do meu, as carícias da sua boca e das suas mãos...

eu soube de tudo então, e ainda agora não esqueci...

26.10.10

entre o conforto e o confronto.
não sei o que é pior (e quando digo isso, estou ciente da dobra do superlativo, já que o extremo oposto conduz ao mesmo, i.e., "não sei o que é pior" é também dizer "não sei o que é melhor").
agora, por exemplo.
estou absolutamente no confronto, deslocado de minha zona de conforto, pronto para o abismo que é encontrar o outro. (o absoluto aqui é absurdo: não há deus, mas games). o desespero é tão grande que sinto vontade de retornar (se é que já não estou de costas para o confronto - mas quem disse que minhas costas não o encaram de frente?), sinto saudade do conforto.
mas o suspendi pois também ele não é coisa boa. a coisa boa seria o confronto.
mas o confronto é tão angustiante quanto o conforto e eu fico nessa (agora, por exemplo), entre um e outro, neutralizado no espaço vazio que preenche esta faixa de moebius que é o confronto-conforto.
(isso é porque eu sou libriano, não sei escolher. e resolvi lidar com um signo bem familiar - pera lá, ele até o momento serviu como energia de ativação - (ok, ele não é apenas catalisador. mas não consigo afirmar - seria dar de costas para o conforto e mergulhar no confronto - e isso eu ainda não sei assumir - pelo menos até o instante (agora, por exemplo?) em que ele, o signo familiar, me confortar).

22.10.10

enquanto um hesita, o outro brinca.
já aquele outro, desvia com mensagens a aproximação.
eu não sou nem eu, nem outro, nem aquele.
estou entre os três, os coleciono, em alto e bom som (de que serviria sair com três pessoas se não para dar uma de machão na mesa de bar?), sem nenhum deles
.
que não suprem
que não matam
que não saciam (e enxergam)
essa minha vontade
essa coisa que tenho
essa fixação
esse desejo
de casar.

(vou ser mais explícito como aqui, esta é a solução)

20.10.10

dizem que escrever é igual a andar de bicicleta, mas não sei não... acho que desaprendi. não sei dirigir, aliás nunca soube.
dirijo há um tempo e hoje o carro, só porque era total flex, não parou de morrer.
eu, no meio daquele engarrafamento, querendo chegar em casa na velocidade de uma banda larga para abrir pela centéssima vez meu e-mail e ver que você não respondeu, no meio da passagem, entre os carros... e o meu morrendo. morria sempre e cada vez mais.
e comecei então achar que meu problema era de auto-imagem. meu carro morria, todos apressados, eu apressado para chegar em uma caixa de entrada em que ele não está.
ok, estou exagerando.
ok, pode ser tudo loucura (e na verdade é. é sim. quem disse que meia dúzia de e-mails pode ser romance? quem disse que não? qual é a realidade posterior a essa?)
a realidade eu não sei, mas a verdade é que o carro velho, é novo, e o dirigi pela segunda vez hoje (vocês não viram, mas escrevi dirigi com 'j'... já não sou mais aquele...)
a verdade mesmo é que estou confuso como fedra que não ousa dizer o nome do amado, apesar de ser essa a única coisa certa a fazer (certo porque é desejo, só por isso).
tô precisando casar.
eu acho que é paranóia que me faz desconexo, ansioso e incapaz.
(estou exagerando, lembre-se sempre disso).
mas estou querendo me dirigir a você (morrendo ou não, o carro vai te atropelar a qualquer momento - você acaba de virar vítima. mais um)

--- (e o renato?)