23.9.09

das duas, uma:
permanecer na minha sensação córporea do encontro
ou enquadrar-se no fluxo de lembranças distanciadas do outro

das duas, uma:
a minha mémoria
ou a memória dele

das duas, uma
entre as duas, alguma

algum tipo de crença, ou lavagem cerebral, uma espécie de esperança em ver a vida se tornar filme.

não que ela não seja. só que nesta ficção, somos atores desesperados, em busca do autor (evidentemente que há pirandello nisso).

no filme que se quer, se quer não só atuar, mas também escrever e dirigir.
este filme já existiu, de certo modo, quando eu me dirigi, sem, no entanto, ter consciência do fato. o filme foi realizado, em sonho:

[begin:
if
it´s dream
then
Ele de costas. Estou atrás dele. Passam-se alguns minutos.
Ele se vira e tudo congela.
Seu sorriso, meu sorriso.

Não sei bem como, estamos abraçados e rolamos no relevo de uma praça praiana.
Ultrapassamos quaisquer obstáculos.
Giros imagéticos, ciclos córporeos, fluxos de moebius.
if
begin
then
end]

em sonho, não se dirige filme nenhum, não se roteiriza.

donde se pode concluir que sonho é tanto quanto vida, no que se refere à ausência de controle quanto a: o enquadramento, o momento, o tempo, o outro, a imagem e a ficção.

o meu erro foi ter querido transpor o abismo que separa a margem do primeiro para a margem do segundo. não há direções possíveis, e, sem dúvida alguma, trata-se de dois tipos extremos de ficção.

das duas, uma:
ou ficaria tudo bem, na sensação gostosa de um encontro fortuito, gratuito e revelador, um banho de mar.
ou não ficaria nada bem, na sensação frustrante de um desencontro rápido, em uma mensagem gratuita, um banho de água fria.

(e digo: merda. para quê ter que me deparar outra vez com a minha imobilidade como reflexo de uma aparente resposta cordial dele?)

a esperança definitivamente é um serial killer: não morre, mas mata em séries.