26.4.07

berço-vice.

a metodologia é a seguinte:
1)enumerar sucintamente o que se pretende fazer não-intecionalmente;
2)reclamar da fatalidade ou do destino que manipulam a existência, apagando de si toda a responsabilidade
3) criar os tais momentos muito bons e muito ruins para que seja possível afirmar: passei por isso tudo.
4) por fim: complicar o que não é complicado e simplesmente não ver a imagem que se revela complexa, tensa e, por que não, dialética.
5) por fim dois: cria-se mais um fim para que então todos coloquem seus óculos e possam escolher o caminho.

24.4.07

sobre os tempos do amor.

quando eu era o que eu não sou mais hoje sofria só de ver e pensar que algum dia eu poderia não mais ter controle sobre o que eu queria, o que eu poderia e o que eu futuramente viria a ser. quando eu era de um jeito que hoje desconheço eu acreditava que futuramente eu poderia conhecer algo além do que já havia decidamente conhecido. eu era e eu fui, quando eu sou. quando afinal é muito tempo para mim quando é aquilo lá que para frente ou para trás me situa e me descontrola aqui. o que eu posso dizer para você é que quarenta não é o dobro de vinte e que, além disso, tudo está certo se e apenas se dois e dois são cinco.
e mais: quando dois e dois são cinco há aí uma revelação. tal fenômeno evidencia um excesso, um mais, um peso que as coisas, por não existirem, devem necessariamente ter. o amor é uma delas. não existe e tem um peso enorme.
nada com isso tem adiposidade.
nada com isso possui o peso o excesso e rara densidade.
nada com isso revela-se tudo que nada em aparência não possui.
quando eu sou eu já fui.

23.4.07

im waiting for my man

Im waiting for my manTwenty-six dollars in my handUp to lexington, 125Feel sick and dirty, more dead than aliveIm waiting for my manHey, white boy, what you doin uptown? Hey, white boy, you chasin our women around? Oh pardon me sir, its the furthest from my mindIm just lookin for a dear, dear friend of mineIm waiting for my manHere he comes, hes all dressed in blackPr shoes and a big straw hatHes never early, hes always lateFirst thing you learn is you always gotta waitIm waiting for my manUp to a brownstone, up three flights of stairsEverybodys pinned you, but nobody caresHes got the works, gives you sweet tasteAh then you gotta split because you got no time to wasteIm waiting for my manBaby dont you holler, darlin dont you bawl and shoutIm feeling good, you know Im gonna work it on outIm feeling good, Im feeling oh so fineUntil tomorrow, but thats just some other timeIm waiting for my man

luz = ondas eletromagnéticas que se propagam em nenhum meio artístico específico, nem pincel, nem lápis, nem máquina, nem corpo, nem nada.

querer é não conseguir realizar

domine o mínimo

amasse o máximo

enterre o inteiro

abrace a parte

15.4.07

nada.

braços postos sobre a mesa quadrada. mãos ao redor de um copo de chopp. já era madrugada. muito movimento na esquina. diante dela, de um lado, do outro lado dela, na diagonal dela. eu, ele, ela, ele, ela, ele. e disse assim: 'éla não é feliz! eu vejo, eu sinto, ela diz que não é feliz! ela mesma diz que não é feliz. Não estou falando novidade. Nada de novo. Apenas repito uma constatação dela. Ela simplesmente não é feliz. Agora sou eu que digo: coitada.'
Ele ouviu e prefiriu beber.
Ela ouvi e continuou fumando.
Ele nem ouviu pois nem estava ali.
Eu ouvi. e disse assim: 'é engraçado. a felicidade é um copo de chopp. eu pego, eu manejo, eu faço o que eu quero. e eu digo se tenho ou se não tenho. se peço ou não peço. a felicidade é este copo de chopp. eu bebo as vezes, as vezes eu simplesmente me nego.'

Coisa chata é isso. Coisa incomoda é isso. Isso que se faz na sexta-feira e que permanece no sábado e no domingo até de noite. isso que fica. isso sempre que fica. o que muda afinal?

e disse assim: 'eu não sou feliz! ela vê, ele sente, eu digo que não sou feliz! eu mesmo digo que não sou feliz. Não está falando novidade. Nada de novo. Apenas repete uma constatação minha. Eu simplesmente não sou feliz. Agora é ela quem diz: coitado.'
e disse assim: 'é engraçado. o chopp é um copo de felicidade. pego eu, manejo eu, faço eu, quero o que eu. tenho e/ou se tenho não digo eu. peço não peço ou se. chopp é este copo de felicidade. simplesmente as vezes me nego eu, as vezes bebo eu.'

10.4.07

eu

alguém se definiu como 'um babaca'. esse alguém já atravessou por aqui, passou mesmo, de carro-potente, passou voado, acelerado, passou e não mais voltou. eu passei por ele agora há pouco e disse: babaca. apenas chamei ele. só. mas resolvi passar.
alguém passou aqui, codinome e tudo, e disse algo que alguma coisa dissera.
minha cabeça começa a pifar, meus olhos começam a arder, demonstram o cansaço de uma terça regada a água nadada, água bebida, freud e números, muitos números, uma linguagem babaca de números, uns quadros, uns gráficos, uns diagramas, uns polígonos, umas medianas, umas médias, uns axiomas, uns cálculos, tudo números. Classes de números. Estatísticas. Probabilidades.
E de repente, no intervalo da dúvida que produz tudo, pego outro livro e vejo que há mais infinitos números e situações da física, todas elas a serem vistas, revistas e estudadas.
e acho que eu choro.
e acho que eu me desespero.
e acho que eu não vou conseguir mais nada.
por que é tudo tão dificil, tão dificil, tão dificil, que seria mais fácil nadar na água nadada.
eu acho que sei quem sou e quem é eu. não é muito dificil de advinhar.
eu tirésias do eu?
eu não é(sou) tirésias e nem pretendo(e) ser.
o que dizer de eu?
nada.
deixe que eu diga por si só.

2.4.07

Manoel vô

Ao Manoel mais velho que o Manoel que é mais velho do que eu
Ao Manoel que meu avô foi, é, será
Ao Manoel que o avô do meu avô foi, é e será para o meu avô Manoel
Ao Manoel que o avô do meu avô via no meu avô
Ao Manoel que eu sou para o meu avô Manoel
Ao Manoel que eu fui para o meu avô Manoel
Ao Manoel que eu sou para o avô do meu avô Manoel
Ao Manoel que eu fui para o avô do meu avô Manoel
Ao Manoel que o avô Manoel do meu avô Manoel esperava que eu fosse
Ao avô do Manoel
Ao avô do avô do Manoel
Ao Manoel que eu sou
Ao avô que eu fui
Ao avô Manoel que sempre serei
Um Manoel que contém o avô Manoel do avô Manoel
Manoel avô Manoel avô Manoel
Manoel Manoel Manoel


Eu sou Manoel.

será que não percebemos que é preciso utilizar, manusear, a afirmação e que só através dela podemos ser contraditórios? Será que não percebemos que o será é por demais coerente, é por demais lúcido, é por demais sensato, é por demais estável, é por demais velho, descabido, conservador, paralisante, cristalizado e, principalmente, mudo?
É preciso que você fale 'Eu sou' para que todos vejam que você é um engano.
Pois aí está.
Um piso firme na areia movediça.
Um soco no ar.
Não há hesitação no uso do 'porém'. Não há contraste.
Há apenas uma declaração da insegurança. É um pedido de aceitação.
O uso do 'por outro lado' apenas evidencia uma não-percebida, e por isso burra, tautologia.
Para quê usamos para quê mesmo?

Algo como:
'Ninguém é comum. Eu sou ninguém.'

para a desesperada de amor que doente persegue uma relação saudável como um banho no lindo lago de coca cola light do amor

um:
um tirésias sub_atômico pediu que eu lhe avisasse:jogue reto. Se procurar desvios, faça como a água.Tanto em um caso como outro procure jogar como a criança. de verdade, na matéria. jogos são bons, desde que sejam, por mais abstratos, materiais.
dois:
o que é pode deixar de ser?
o real pra mim é verdadeiro pra você?
três:
eu invento intenções. voce inventa enganos. eu e você enlaçam os pescoços com cordas discursivas para então depois acontecer o quê mesmo? já sei, suicídios possíveis. já sei, medrosas atitudes. já sei, dissipação de energia. não sei, o que você e eu querem dizer um ao outro mesmo?
quatro:
eu me predispus. você apareceu. eu já havia me decidido que haveria, por alguns meses, um você. e o você apareceu. mas você veio melhor que a encomenda. você é melhor que o você que o eu imaginou. e como fico? mais uma volta na corda.
cinco voltas:
nas corridas quem dá mais volta em menos tempo ganha. no mercado de suicídios também. obviamente o que vale é dar voltas e desaparecer nelas. ou então, performar a morte. um corpo no momento em que deixa de viver.
seis:
deixar de viver corresponderia, grosso modo, a deixar de produzir reações metabólicas. é mentira isso tudo. o corpo, mesmo morto, se transforma. a morte é a continuação da transformação. o corpo definha. o corpo vira o que era um corpo. o corpo se parte. o corpo, na realidade, dá a ver o que ele realmente é: meras plenas partes.
sete:
que importa quem diz eu?
oito?
para quem importam meus olhos? eles importam para quem os vê. eles são importados para todos os mundos que eu mesmo não vejo. mundos, mundos, mundos. as vezes não dou conta dos mundos. sempre, quis dizer.
nove
ela quis dizer ama você. mas ela ama mesmo a si. e isso é bom. verdadeiramente muito bom. ela quer se transformar. o bom disso é que ela quer que você a leve. uma mão, uma mãe. ela ama você. essencialmente. como a ela mesma olhando para ela por você. ela ama a si, por seus olhos, você, mediação. o eu que ela através de você consegue ver.