27.5.07

oh, happy day!

alguém deveria ter a ídeia de montar 'dias felizes', em formato de musical.
pois este texto é, na realidade, uma cópia-carbono de um número da broadway que lisa minelli (?) interpreta no filme 'new york new york'.
esta é a minha referência. caso haja outra, não me nego a aceitá-la.

chegamos = menos = bom sonho

chegamos juntos
por consequencia de acasos agendados
não por ele, óbvio. ele zanza, um flaneur-flanelinha
por mim. mas assim... devo explicar
que não era de fato uma armação. não armei.
eu apenas adiava e adiava, adiava cada vez mais a hora de chegar em casa.
eu sabia que quando chegasse haveria algo me esperando.
ou melhor eu apostei com o 'daqui a pouco' que eu conseguiria desvendá-lo.
eu quis o que eu queria.
mas não exatamente como eu queria.
e é isso. na realidade, nada foi como eu queria.
só foi como eu queria, de apenas um jeito. e eu vou explicar aqui. dois posts antes desse, eu criei uma relação de identidade, no título. o resultado da soma era chega.
e quando eu cheguei em casa, encontrei, na realidade todos os fatores da soma.
aqueles múltiplos elementos todos, diante de mim, só que eu não sei se eles representavam uma soma.
eu sei. não. pois o que as variáveis me responderam foi um breve oi, escondido em olhares nebulosos de quem não ouve som algum, mesmo uma buzina pequena e morena de rouco agudo desejo [in]determinado.
eu devo rir e rio.
afinal, trata-se da resposta ao trote descascada em cascas de cebola cujo centro é nada.

25.5.07

parabéns

tem alguma coisa que não permite, aquela coisa que sempre impede a gente de começar
você pode tentar, pode fazer de tudo para tentar, ande com gravador no bolso, caderninhos de anotações pendurados no pescoço, lap-tops ou i-pods, mp3´s no pulso, nada disso te ajudará a começar.
tem sempre aqueles outros, seus amigos, bons amigos e influentes, interessantes gênios de bolso, que te olham sob óculos escusos que miram a ti e te dizem: bom garoto! aqueles mesmos, que descendem de pais todos gostosos e generosos, que abrem espaço para tudo quanto é bom para o bolso.
nada disso te servirá de consolo. nada que você irá dizer, ou sorrir, ou satisfazer irá te mostrar de modo honroso. o que você precisa, de fato, fazer é nascer de novo. sim, o que você precisa é vir aqui para o mundo com sobrenomes cujos tons sejam palpitosos.
não intitule nobre, pois na realidade o que você estaria fazendo é incorrer em erro amistoso. não, não seja tão feroz e cruel, pense bem no que diz, pois assim você estará compondo o elenco de amigos e inimigos vistoso. olhe lá, ouça bem o que te dizem, não siga a tradição, mas preste atenção no que seu pai diz. ele tem um amigo aqui, sempre amigo desde a infância: dos tempos da bahia, daquele carnval-maravilha de momentos que só titia jornalista sabe como encanta. eles te admiram, sabem do seu potencial, gritam, torcem por ti, por ti eles na mesa, mostram o pau. e você, meu filho, seja bom menino, grite quando for o momento, em aulas e mostras de boa performance em que há discussão de bom argumento. olhe lá, ouça o bom e velho título que vem embalado pelas cantigas rotuladas dos contos de fadas trazidos em rocks-baladas de senhores ou jovens de cabelos ao vento.
continue sempre, não deixe que eles desaprovem o que voce faz. o bom é mostrar e não se preocupe, com você eu me cego e afirmo, obviamente, que se trata de um trabalho ímpar. aquilo que dá prosseguimento às gerações, uma cadeia genética que permite o florescimento eterno de ondulações instáveis de realidades raras. veja bem, você é a continuação de tudo aquilo que você continua. siga sempre, não pare de realizar. pois você é o meio e não a finalidade do cômodo bem-estar.
e, óbvio não deixe de começar.
comece sempre e mostre a papai pop-star.
ele é seu fã e com ele você vai se afagar. ele te dirá os erros ortográficos e também te mostrará
o telefone do amigo para quem você deverá ligar
mas é tudo seu, certamente você é quem deve ousar
os amigos apenas testemunharão a sua ousadia sem pestanejar
os amigos te mostrarão, aquela pura rede sem intrigas
aqueles puros circuito de magias
em que os santos padroeiros
são fantasiosamente
marinheiros que navegam
pelas águas rasas de um rio virado mar
rejeite filosofia e impeça monotonias
há sim o outro que se transforma
bem como seus amigos que se transtornam
há as mudanças de estágios, estações e lugares
confirme sempre isso para que não achem
que você, meu principe encantado,
é mais um filho do pai disfarçado
já não é de hoje que eu quero fazer

e hoje saí querendo dizer

e escolhi exatamente os momentos de realizar

coisas que já quero produzir e

eros + irom + era + ira + ora = chega.

justamente neste friozinho, justamente aqui que me sinto bem pequenino
a ópera segue seu curso
velozmente anda cruzando a avenida
e eu miniaturizado em uma breve tentativa
disco seu número ouço sua voz e o que consigo fazer, produzir, criar
é um trote.
apenas ligo para o seu celular silenciosamente
sem nenhuma explicativa, sem nenhum retorno, com forte interlocução
eu fico com sono e aumento o enfado com cafeína
você some sem mim
e responde ao som de boas doses de vozes
cruzando, compondo um ambiente em que você aparece imponente
você que me responde em pleno instante: isso é cena ou é você?
isso é o caminho, posso te responder.
isso é uma cabeça dolorida, cheia de vontades ativas, limitadas por uma estrutura minha, que não deixa, não permite, não quer e não pode fazê-las gesto, puro gesto.
é por isso então que dirijo a ti minha não-palavra e afirmo em tom silencioso
uma vibração tônica que guarda em caixas inseguranças melódicas
um compasso colorido que lança breves traços malhados
dedos que compõem uma coisa meio leve, meio neve, que serve, quando muito, para um bom descanso, uma justificativa para projetos futuros para amanhãs promissores.
eu quero dizer não e falar apenas isso: um.
um para nós dois agora e só.
em mensagem do celular digitada bêbada no meio da noite que sai e chega e evita, suscita, trasntornos maiores.
eu sei, só eu sei o que há ao redor.

22.5.07

cachorro_1

fala-se volta e meia que os cachorros, animais domésticos, são tratados cada vez mais como crianças. bábá, neurose, depressão, homossexualismo, stresse, sindrome do pânico, tudo isso cachorro hoje tem. cachorro é gente. para além dos fatos de consumo, que colocam os cachorros e, principalmente seus donos na crista da onda, pergunto:
- quando o cachorro surgiu? quando as raças apareceram? cachorro era selvagem e, com a urbanização, foi se domesticando?
o cachorro é tratado como criança, sim, e isso, além de significar os mimos, parece apontar para outros fatores.
o primeiro deles é o poder. há uma relação de forte dependência entre o cachorro e o seu dono. como o argumento comum, cachorro não é como gato que sai pela janela, dá seus passeios, come quem quiser e volta uma semana depois. O cachorro não sai, se o seu dono não sair. Ele não come, se o seu dono não lhe der comida. Ele não faz xixi, se o seu dono não o mandar [no caso daqueles adestrados: os meus dois só fazem xixi e coco na rua, ou seja, no momento em que eu, seu dono, escolho como adequado para levá-los à rua]. Ele não faz sexo, se o seu dono não lhe arrumar um[a] parceiro[a]. O cachorro fica em casa, seu único e possível território, sempre à espera do dono. Cachorro não lê, não ouve música, não vê tv, não sabe cozinhar, não sabe fazer passar o tempo, não sabe distrair. Ele sabe esperar o seu dono chegar.
o segundo deles é a comunicação. O cachorro adestrado é aquele que sabe realizar determinadas tarefas de acordo com o signo [verbal ou gestual] do seu dono. Os cachorros não-adestrados, nem isso. cachorro não fala, late. Desse modo, se eu perguntar para o meu cachorro: tá passando bem? tá feliz?, ele não irá me responder. Assim, devo então responder por ele. Interpretar seu balançar do rabo, seu andar, seu olhar, enfim, para cada momento o cachorro está com um estado de espírito diferente. Como então eu decido quando ele faz xixi ou come, posso também decidir sobre o seu ânimo. Parece então que, assim como o poeta romântico e os fenômenos naturais entram em acordo quanto aos seus estados naturais [trizteza, forte tempestade; alegria, sol eterno, dia lindo!], o cachorro e o seu dono também partilham os mesmos estados de espirito. Cachorro não discorda.
O cachorro é o eterno bêbê. no sentido mais egoísta, daquela mãe que vê a criança como um espelho melhorado a ser guardado eternamente em uma valise com as suas iniciais.

continuando...

21.5.07

a porrada nada na tradição

eu levo porrada, já é tradição.
quando eu ando na rua,
principalmente quando eu desço as escadas da glória,
do bairro da glória.
quando eu ando de bicicleta na rua,
principalmente quando eu corro pelas ruas da pátria,
da voluntários da pátria.
quando eu não ando na rua,
principalmente quando acordo e dou de cara,
de cara com a minha cara no banheiro.
quando eu nado na rua,
principalmente a porrada vem quando eu não ando mas nado na rua.
é sempre de se esperar que a porrada chegue sem hora sem dia sem aviso qualquer.
é sempre de se esperar que a porrada venha de um outro, do puro reflexo do olhar consternado diante de um fato qualquer.
é sempre de se esperar que a porrada esteja sempre a espera da reação do porrado para, enfim, revelar-se,
como bom folclore festivo que a porrada é.