26.1.08

carte

meu método atual: possuo dois pares de óculos, um redondo e um retangular. coloco os dois diante de mim, sobre mesa. estou sentado, respirando. mão direita, óculos redondos. mão esquerda, óculos retangulares. percebo que devo, antes de optar por qualquer um deles, fazer algo antes. é preciso fazer algo antes da escolha. preciso antes, achar um par de óculos para os meus ouvidos. e não conheço melhor par que o par de fones de ouvido. escolho este par primeiro. agora estou aliviado, pois qualquer escolha de óculos será segunda. escolhi primeiro não ouvir a minha escolha. estou ouvindo caetano. agora sim estou pronto para continuar.
o par retangular é verde musgo, de acrílico. o grau do retangular é velho, trata-se do modo como via há aproximadamente um ano atrás. meu grau aumentou e não mudei o grau dos óculos. eu apenas os deixei de lado. tudo para poder recordar-me deles. de fato, o que aconteceu foi o seguinte: na última virada de ano, sem conseguir escolher entre o redondo e o retangular, levei os dois para o lugar onde passei o reveillon. decidi decidir não aqui, mas lá, bem longe. e, lá longe, consegui optar. por alguns dias, utilizei o redondo. cheguei com o redondo. e saí com o retangular. só que este último tem suas lentes todas arranhadas. eu vejo de modo embaçado. mas gosto deste par. por isso ele se encontra aqui, na minha mão esquerda.
o par redondo foi o último comprado. o par redondo foi, de fato, a última escolha, a última aquisição. o par redondo também é de acrílico só que é preto. é da mesma loja que o retangular. com ele, eu vejo tudo de modo mais nítido. com ele, realizo velho desejo de possuir armações redondas, não obstante meu nariz redondo.
retiro os fones. mentira. não consigo tirar os fones. mudo de música. com a mão direia, mudo a música. percebo que escolhi o retangular. mentira. retorno a direita ao redondo. não escolhi ainda. olho para um, olho para outro. preciso de critérios.
com qual dos dois, as pessoas me vêem melhor?
com qual dos dois eu sou uma bela paisagem, uma boa vista, uma imagem mais agradável?
qual opção minha beleza é mais nítida?
levo minhas mãos aos olhos. cruzo: esquerda no direito, direita no esquerdo. o que tenho aqui. vejo fissuras luminosas. vejo que a luz se apaga quando levo a mão no olho. vejo que a luz se torna cor-de-pele. vejo que vejo pouco. e decido interromper o método.
decidi por um.
decidi por apenas um.
decidi por apenas um momento de leve indecisão que não me leva a lugar algum.
vou dormir para ver se amanhã consigo optar melhor.

24.1.08

love. me.

encontro-me em manhã que não dormi. chego agora de uma noite que já se foi. fui guiado a noite inteira, como que intencionalmente, por um ser que me deixa simplesmente, como quê, em pleno estado de não-saber-porquê. sem motivo aparente, sem nada querer, sabendo de tudo que me perpassa quando apenas respiro algo que o mesmo ar que ele, sabendo ele disso, sabendo ele, não sabendo disso... agora estou pessoa deixada com atenção sem ter tido a mínima atenção. a noite restou como troca de canções entre eles sem que uma única canção fosse minha, pois meu centro grita forte e exigiria algo só para ele. é para ele, eu imploro como mãe favelada em frente ao supermercado com o filho no colo.
não sei não. acho que te amo muito. acho que gostaria de dizer que você é simplesmente o que considero simples e, por isso, essencial. você é paisagem pura. você é meu rio. você é coisa mais gostosa de se ver. você é crocante, é esticado nas extremidades dos olhos e rouco na base da voz. você é um ar para mim. ar como estado, ar como afeto, ar como tempestade.
ai, ai, suspiro em ode a você.
ai, ai, acho que não aguento.
e, no entanto, prossigo,
dizendo sim,
confirmando confidencialmente, sempre
um convite que talvez, pelo menos através de mim, provém de você.
just love, baby. por favor, deixe eu ser sempre carona de seu pocket-pólo just nice silver.
love, love.
me.

18.1.08

choro

aquilo que me causa mais pavor é olhar para aqueles individuos mais conhecidos e perceber a velhice trazida pela falta de grana. nada que aparece, miséria que toma rostos, olhos, mãos, estados e corpos. eu já não posso mais com toda esta pobreza de grana que elabora todo um mundo espiritual caindo aos pedaços, todo fragmento ruim de ser, que nada transpira, que nada suspira, que nada traz, que nada assassina.
tô de saco cheio de ter que corresponder. tô com pé no saco de ter que fazer coisas, apresentar soluções, malditas soluções, para o tédio dos minutos, para a aflição das horas, para a angústia dos dias. sinto que estou totalmente contrariado, pois o que é mesmo para ser (e que não está sendo) seria justamente a situação perfeita: andar de bicicleta para sempre, sem parar em nenhum estação, sem parar para falar com ninguém, vivendo só no adeus, ouvindo pouco os sons passarem, ouvindo pouco pois estaria escutando muito o meu som, o meu barulho do meu corpo tornado máquina.
queria sempre dar adeus.
e não suporto ter que crescer, olhar para os reflexos do mundo e me ver. não suporto me enxergar e mais: não suporto não conseguir me enxergar. olho para mim e não sei o que desejo. todo despertar é o mesmo desespero de ter de se arrepender por tudo que foi feito no dia anterior. todo despertar é uma tomada de consciência sendo este ato, na realidade, um pedido de perdão.
não aguento mais dever. não aguento mais faltar grana. isso me torna tão amargo. passo a comparar tudo e passo a querer não viver neste lugar que ocupo. isso é grave e preocupante. talvez seja um problema de família.
a minha vontade hoje é de chorar copiosamente. e, no entanto, engulo tudo.
o meu desejo agora seria o de quebrar com o nada que tenho para estar literalmente na merda. não consigo. não sei dizer porque. eu preciso esperar. ou melhor. eu preciso começar a pensar em meios de paralisar os movimentos enlouquecidos das minhas patinhas no ar. estou assim: samsa, de casco no chão. não estou conseguindo me virar. os passos são todos à toa e, todos, no ar. e isso não é tentativa de vôo. não tenho asas. tenho patas que gastam a minha energia a toa, se chocando contra o vento.
o que tenho a concluir é que não fui feito para isso tudo. sou operário. é isso. quero retornar a minha classe baixa. quero ser para sempre proletariado. quero ser assalariado.
pois nunca e jamais minha mente vai revelar o seu verdadeiro preço. donde se conclui que eu devo esquecê-la e substituí-la por problemas reais.
donde concluo que estou drasticamente feliz por nada dar certo na minha vida. e desejo que, nos próximos anos, tudo piore, fracasse que eu cada vez mais me torne pobre, sem condições de entender nada, tendo apenas um único e bizarro trabalho que me justifique e me dê condições mínimas de viver: quero não querer nada. quero poder não conhecer nada. quero tentar me acomodar no eu-nada.

12.1.08

nice to meet U.

sobre a finalidade disso tudo aqui, acontece o seguinte: a cada segundo de sua leitura de algo meu, eu devo ter construído um modo de ordenação das palavras que me permita prender você à minha escrita. eu preciso então criar um sistema político, linguístico e publicitário para me permitir captar você. e eu acho que consigo fazer isso com excelência. não é porque escrevo bem mas porque sempre faço as coisas bem. eu faço bem o que quer que seja. meu único problema é a miopia. e a alergia aos mosquitos. de resto, faço tudo bem.
um dos meus mais belos recursos é a falsidade. e não falo por redenção. não quero desculpar-me por nada. pelo contrário. sou o tipo da pessoa que todas as outras pessoas não sabem identificar quando estou bricando, quando estou falando sério. eu sou tão falso que ninguém me conhece. sou falso ao ponto de estar aqui escrevendo para você, fazendo você acreditar que eu estou falando sinceramente, olhos nos olhos, de modo direto a você. e você tem razão. eu estou fazendo isso. escrevo olhando para o que estou escrevendo, totalmente concentrado, projetando já você, que lê agora. o ponto é que nem eu sei o que escrevo e como escrevo. só sei de uma coisa. que não queria estar aqui. não gostaria de estar escrevendo. não gostaria de estar onde estou. e não é frufru filosófico. estou deprimido, depressão profunda, doença do corpo que faz com que eu faça tudo sem vontade fazer. a vontade sempre está em outro lugar que não aqui. consequentemente, devo utilizar mais uma vez a minha diplomática falsidade para fingir a mim mesmo que faço as coisas com prazer, ou, pelo menos, tendo consciência do que se passa comigo.
eu sou fã do ótimo e do sorriso. corrijo: eu sou morada do ótimo e do sorriso. a piada de mim é justamente essa: quando estiver deprimido, vou ligar para você, pois você sempre me fará sorrir. a minha depressão resolve outras.
fazer você se interessar por este texto? é fácil. não está sendo? basta eu falar de mim, sorrindo para você. meu olho concordando com tudo em você. chamo você de queridão, unindo as três palavras mágicas: era uma vez. elaboro uma fábula de mim mesmo para fazer você acreditar em si mesmo. eu sempre te confirmo. Eu digo sim a você. É por isso que você me lê de modo interessado e voraz. não estou dizendo que eu te decifro. pelo contrário, sou apenas um bom tempo. sou clima temperado. comigo, você nunca vivenciará enchentes, sequestros e terremotos. quero dizer, você poderá me trazê-los, mas eu jamais irei propô-los a você. porque o fato é que eu não me interesso por você. o que eu quero é poder. o modo como você irá me consumir é seu e não me interessa. o importante é que você me leia. a garantia que eu dou é essa: um grande prazer. nice to meet you. Ou seja, quero este pacto com você sem me sujeitar a isso. Vamos manter nossas distâncias mas por favor reconheça sempre a minha criatividade. como feedback, estarei sempre confirmando a sua personalidade. e estamos combinados.

me acabo.

foi exatamente no meio do salão que um jovem ruivo decidiu tomar coragem para me falar toda a verdade. este jovem, um homem de letras brasileiro de aproximadamente trinta e um anos, há muito me conhecia sem jamais demonstrar qualquer inclinação amorosa por mim. com frequencia nos encontrávamos em karaokês, algumas vezes dividimos uma única canção, e já compartilhamos um mesmo microfone. eu não posso dizer que nunca havia sentido nada por ele. e talvez eu ainda possa dizer que ele também, em algum momento e em algum canto de seu corpo, havia sentido algo por mim. eu admito isso, mas não tomo como fato sério. o que havia acontecido até aquele momento eram fugazes situações de instáveis interesses. não nos considerávamos seres de compromisso. eu não representava para ele compromisso. apenas uma diversão e uma companhia. ou melhor, um paliativo para a solidão. um instrumento-espelho.
naquele dia, havia acordado cedo voluntariamente. de repente estava de pé às sete e meia da manhã e, trinta minutos depois as águas da cachoeira do horto já me escorriam todas. fiquei lá até aa fome aparecer, já de tarde. desci para tomar uma bela e colorida vitamina de açaí com kiwi, banana e melão e voltei ao aconchego da mata. caminhei de volta a cachoeira.
não há nada mais prazeroso que estar em uma cachoeira. este é um lugar que parece possibilitar um encontro a cada milésimo de segundo. cada momento de existência junto às quedas de água. primeiro se vê a queda. depois se está dentro dela. depois se é o destino da queda. o anteparo. doar o rosto aos tapas da água. uma novela das boas.
por aproximadamente dois anos deixei de ver novela. foi um período de revolta contra a tv globo. esta emissora representava todo um sistema injusto, falso e de péssima qualidade. foi neste momento da minha vida que rejeitava a minha própria história. porque cresci assistindo novela. sem nenhum tipo de julgamento moral, trata-se de um fato. eu cresci assim. sou como a gabriela.
no meu último período de faculdade, havia na minha turma uma menina que se chamava gabriela. ela tinha cabelos castanhos claros, mas estava em um momento vermelho-vinho-alaranjado. ou melhor, ruivo. ela, a cada quinze dias, retocava seu cabelo ruivo impecável. ela era gorda e um grupo de amigos a apelidou de baby da família dinossauros. eu sempre a achei bonita. mas realmente ela não segue os padrões de beleza convencionais. taí a beleza.
o caetano veloso é a minha rede globo atual. troquei a rede globo pelo caetano. agora quem me acompanha, sem saber, sabendo, é o senhor de sessenta e poucos anos que canta que é uma maravilha. ouço apenas ele, nos trinta e tal cd´s que tenho dele. dentre as canções, adoro cantar beleza pura.
Não me amarra dinheiro não! Mas formosura. Dinheiro não! A pele escura. Dinheiro não!
A carne dura. Dinheiro não! Moça prêta do Curuzu Beleza Pura! Federação Beleza Pura! Bôca do rio Beleza Pura! Dinheiro não!... Quando essa prêta começa a tratar do cabelo É de se olhar Toda trama da trança Transa do cabelo Conchas do mar Ela manda buscar Prá botar no cabelo Toda minúcia, toda delícia... Não me amarra dinheiro não!
Mas elegância... Não me amarra dinheiro não! Mas a cultura Dinheiro não! A pele escura Dinheiro não! A carne dura Dinheiro não!... Moço lindo do Badauê Beleza Pura!
Do Ilê-Aiê Beleza Pura! Dinheiro hié! Beleza Pura! Dinheiro não!... Dentro daquele turbante Do filho de Gândhi É o que há Tudo é chique demais Tudo é muito elegante Manda botar! Fina palha da costa E que tudo se trance Todos os búzios Todos os ócios...
No momento estou ouvindo redemption song do bob marley. as músicas do bob são lindas de serem cantadas ou escritas e, principalmente, as canções são o reggae, ritmo musical batizado por marley que age diretamente no corpo humano impedindo-o de se cristalizar. quando toca bob, eu vou até o centro da pista de dança e me acabo. afinal, é para isso que me servem as coisas. fazer com que eu me acabe. assim.

10.1.08

pessoa e indivíduo

didascália - alô. não. como? não, não. sei, sei, sei. Já disse não. Escute bem direitinho: ninguém está. Ouviu bem? Não há ninguém aqui. Eu sei que você não pode ver, mas acredite no que eu te digo. Eu sei disso. Nunca se vê o que se diz e nunca se diz o que se vê. Mas veja a partir do que eu digo. Não dá? Mas é isso. Não veja. Não há ninguém para ver. Não há ninguém no palco. Ninguém no palco, entendeu bem? Oi? Tá ansioso? Relaxa! O quê? Não sei se alguém surge de dentro... não tenho essas informações. O que me passaram eu já te disse... Meu Deus do Céu! Por favor! Não insista. Não me faça falar o que não sei dizer! Não sei, ok. Não sei. E já está de bom tamanho. Talvez... Talvez eu saiba mais adiante. Faça o seguinte: ligue mais tarde. Não sei. ok. Daqui a uns vinte minutos. Ótimo. Tá certo então. Ok. Até. Tchau, querido, tchau.
pessoa entra - Muito Obrigado.
indivíduo acena ao público.
pessoa - Como estava dizendo, você não pode continuar aqui.
indivíduo - não me faça rir, seu imbecil. Eu já estou aqui e jamais estive em outro lugar. Continuarei aqui pois tudo isso aqui me pertence. Você trabalha para mim, não se esqueça.
pessoa - Não.
indivíduo - Perdão?
pessoa - não! Você não deveria ter falado isso!
indivíduo - Como?
pessoa - Eu deveria ter falado isso. Eu deveria ter falado: "Você trabalha para mim, não se esqueça".
indivíduo - eu sou uma pessoa livre.
pessoa - não, não é. você está me roubando.
indivíduo - eu faço o que quero. Quer ver?
pessoa - Pare de roubar a mim.
indivíduo - O que hei de fazer então?
pessoa - livrar-se de mim.
indivíduo - livrar-se de ti seria perder a substância que em mim corre e me dá conteúdo.
pessoa - como?
indivíduo - deixe de ser sonsa, pessoa cínica.
pessoa - retomamos.
indivíduo - retomamos.
pessoa - E agora o que te pergunto é o seguinte: Você quer se separar?
individuo - quero a sua liberdade.
pessoa - conquiste a sua. veja o que temos aqui. olhe ao redor.
individuo - enxergo trabalho.
pessoa - muito bem. a maquina de lavar está sozinha.
individuo - percebo.
pessoa - e...
individuo - e o que?
pessoa - e trabalha sozinha. veja. não precisa de ajuda para fazer o que se propoe. veja. ela lava sozinha.
individuo - entendo. eu devo ser como a maquina de lavar?
pessoa - não. vc deve achar a sua autonomia.
individuo - como a maquina de lavar.
pessoa - claro. lavou, está novo.
individuo - não sou limpo. preciso me lavar.
pessoa - precisa se renovar.
individuo - não posso.
pessoa - não posso porque não quero. sou livre para não querer.
individuo - isso era meu.
pessoa - eu sei.
individuo - roubou-me.
pessoa - tomei o que é meu.
individuo - não. hipócrita. vc não deveria ter feito isso.
pessoa - porque?
individuo - não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você.
pessoa - eu apenas me vinguei.
individuo - deixe de brincadeiras. isso aqui não é um jogo.
pessoa - isso aqui é isso aqui e você não teve mais fala.
individuo - nem você. eu falei por você.
pessoa - eu retribuí falando por você.
indivíduo - você nunca poderá falar por mim.
pessoa - o que eu fiz então?
individuo - roubou-me.
pessoa - estamos quites.
individuo - impossível recomeçar.
pessoa - você deveria ter esperado eu falar.
individuo - como?
pessoa - vamos recomeçar do zero. eu não disse e você me respondeu. você respondeu antes que eu dissesse.
individuo - não é bom?
pessoa - não. não é bom. viu o que posso fazer? sou livre.
individuo - isso é meu.
pessoa - era seu. agora foi meu. passou por mim.
individuo - posso falar ainda: viu o que posso fazer? sou livre.
pessoa - eu rio de você agora. eu rio muito de você agora.
indivíduo - e eu devo ter raiva de você agora. não sei mais o que fazer até que tenho uma idéia. rio também. e digo: você trabalha para mim, não se esqueça!
pessoa - eu nã ri de você Pare já com isso!
individuo - Não se esqueça, você trabalha para mim.
pessoa - Pare!
individuo - Não quer trabalhar para mim? Quer que eu te demita agora?
pessoa - eu posso transformar a sua vida em um inferno. Chegue mais perto. Continue o roubo.
individuo - Nada do que você diz é seu.
pessoa - É sim. Eu comprei minhas doses de palavras e adquiri meus modos peculiares de combinação, de conjugação, de estruturação.
individuo - isso tudo é furto. você roubou.
pessoa - e você?
individuo - ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. enquanto que o primeiro ladrão é condenado a prisão.
pessoa - é facil dizer que viocê é livre.
individuo - e você está condenado a prisão.
pessoa - por favor. não me faça perder a cabeça.
individuo - faço sim. voce trabalha para mim.
pessoa - Você trabalha para mim! Não se esqueça! Eu falo isso. Abaixe a cabeça! Marche! Não me desobedeça!
individuo - Não me desobedeça!
pessoa - Vou fazer você calar.

telefone toca. didascália vai atender.

didascália - Alô. oi? Ih, então, sabe o que aconteceu. Eles estavam aqui mas já foram embora. Liga amanhã. essa hora. Isso. Olha, eu não sei dizer muito bem, mas acredito que eles estejam aqui sim. Oi? Não, eu não poderia estar falando isso para estranhos mas ouvi uns gritos, acho que eles duelaram. bobagem. eles fazem isso mas não conseguem chegar a algo definitivo... é assim mesmo. besteira. mas... é a vida né. Ok então. Até amanhã. Tchau, tchau.