18.9.08

terminei hoje no banheiro pensando que, se o homem é movido pela necessidade, o mundo se divide em uso/não-uso. Ou melhor, satisfaço/não-satisfaço. Leio uma resumo no wikipedia de marx e vejo sua divisão entre valor de uso e valor de troca. o que seria o valor de troca? a troca é a principal operação do marketing. é através da troca que duas partes transacionam uma dando para outra uma coisa, um beneficío, algo que possa satisfazer as necessidades. a troca, no marketing (no 'mercando', 'mercalizando', 'mercantilizando', 'comerciando', porque é isto o que é marketing significa) é um meio para se satisfazer as necessidades. só que a necessidade é, para marx, um traço característico do valor uso, pois o produto é uma espécie de concretização do valor de uso. O processo do trabalho, como um modo de transformação da natureza pelo homem, sendo o trabalho, na realidade, a interface entre o homem e a natureza, é um processo de fabricação de valor de uso. Ou seja, valor de uso você produz.
volto ao uso e à troca. se a troca define o uso e o uso define a troca, como ficamos? Podemos pensar no valor de exposição. Mas pode-se dizer que o valor de exposição é uma radicalização da contraposição entre troca e uso, sendo o puro não-uso. Ou melhor, sendo uso-troca ou uso-exposição, há aí uma dualidade. E esta dualidade define, de um lado a não-troca e o não-uso. e a não-exposição e o não-uso. o não-uso é a exposição. nesse sentido, o não-uso seria a exposição!!!
Como a imagem poderia ser relacionada à exposição? E o não-uso, com isso, à imagem?
Retorno mais uma vez: a raiz de meu pensamento se encontra na função. comecei a pensar que o pensamento se divide em funcional e disfuncional. a função definida como a relação entre duas variáveis (uma troca?): y em função de x. uma noção matemática de função. Nesse sentido, se a função estabelece a relação entre uma coisa e outra, a disfunção romperia com esta relação. A disfunção, com isso, não é o contrário de uma relação. Ela simplesmente rompe com qualquer tipo de relação.
Será isso possível, no mundo da física quântica?
Imagem e Função: binômio para se pensar.

11.9.08

é muito fácil perceber que tudo isso aqui poderia virar um filme, ser adaptado para um livro, quem sabe ser encenado. mas, e essa vontade? como farei você apreender a minha vontade? Isto agora que sinto, essa reação física, como adaptar, encenar, filmar?
Talvez devamos conversar de uma vez por todas.
Momento de colocar as cartas na mesa. E falar. Dialogar, comunicar, pois o que falta entre nós, e no mundo, é justamente o diálogo. Não quero saber sua opinião, só sei que é.
Esse bicho que eu vejo você está vendo? Eu mato o bicho? Deixo-o viver? Penso que é a alma de algum parente morto que reencarnou no bichinho e que está ao meu lado, olhando por mim, ou imagino em quais lugares essas patinhas estiveram pousando, sobre sujeiras, tolices, merdas, viroses, enfim? Você talvez devesse me ajudar, mas não dá né querido, estamos separados por este vidro transparente.
A escrita então é um vidro transparente e aqui devemos fazer a pergunta: Sou eu ou será você que está do outro lado do vidro transparente? Quem está do outro lado? Você está do meu outro lado enquanto eu estou no seu outro lado, ambos somos outros lados, ambos os lados. Só que em ocasiões diferentes (isto o que eu estou fazendo já é dispor as coisas no tempo, me desculpem, mas não há simultaneidade. Eu faço uma coisa depois da outra, e ponto final).

7.9.08

sinalizo sempre que respiro e digo assim, venha até mim.
isso é sempre que posso dizer, estou sempre sorrindo e digo, toda vez que você se dirige a mim, digo sim.
só que meu sim é meu não. e isso te afasta, te distancia e agora que compreendo que estou agindo conforme combinamos naquela noite em que convesamos e traçamos nossos fins (nosso fim).
sou louco, ou melhor doente. serei a sua doença para sempre, como aquele peso que carrega para sempre, serei sempre arrastado por você, serei aquilo que você mesmo não suporta, aquela coisa que detesta em si. mas serei. e sua. sua doença mais vísivel e invisível. estarei presente mas serei inalcançável. serei uma espécie de um vírus que te assola com perguntas, com frases, com todo tipo de pensamento considerado por você como indigno, serei encarcerado, estou neste quarto sem paredes, este quarto sem paredes que é seu corpo mental, sou seu pensamento neste momento e você nunca e jamais sobreviverá nem viverá sem mim. uma espécie de morte em vida e vida na morte.

apesar de não querer ser. apesar de não fazer isso intencionalmente. é que o amor faz dessas coisas. as pessoas se tornam ridículas, frágeis, bizarras. sou uma avestruz perneta diante de você, sou nada, sou merda, sou escroto (e hilário, óbvio, isso tudo tem muito humor, caso contrário seria tudo muito chato), sou cuspe.
sou cuspe, sou vômito, sou cocô, sou fedor
querendo ser
flor, ar, terra, fogo, água, mar.

oh, se deus ouvisse a minha prece.
chegaria nos seus ouvidos
ah, satanás veio aqui me tentar novamente.

é um problema meu.
de identidade ou de imagem?
não perdi a minha localização, por estar munido de bússola. bússola sim, aquela coisa, um gadjet dos mais atingos, viajei com bússola. e ela me serviu. qual outro aparelho que usamos que não nos serve como bússola? porque o homem inventou a bússola? inventar a bússola é o mesmo que inventar o tempo? não, óbvio que não, pois uma dimensão é espacial e a outra... a outra é o tempo. não é isso?
um espaço e um tempo que temos, todos nos guiam? o tempo nos guia como a bússola, ou o tempo nos guia de maneira diferente, ou o tempo nem nos guia... o tempo faz outra coisa que não guiar. mas o tempo conjuga. o que não se conjuga? devemos agora procurar aquilo que não se conjuga?
o que não é verbo?
o que não acontece?
o que não é processo nem desenvolvimento?
procuramos aqui o instantâneo, o flash, o choque, o de repente, o 'se fez', o 'surgiu'.
vamos lá, tentemos todos nos ajudar.
um nascimento é processo?
um corte é instantâneo?
uma morte, um desenvolvimento?
uma tristeza seria verbo?
tristezar, tristanejar, tristitizar?
morrendo, mortando, matando...

4.9.08

Poderia fazer o quê diante deste piano? Soar grave, soar agudo, ter a disciplina e a dinâmica das teclas-formigas, teclas operárias, que, sob o seu comando, orquestram o elogio a ti mesmo. Eu faria isso como estou fazendo, como faço. É que eu, como você, não resisto a uma virtuose. O que há de marcante nisso é que do virtusismo nasce a esquiva. Não me peça para ser profundo, não me peça para justificar-me, não sei, não saberia ser de outro modo. É que a esquiva alimenta a nossa virtuose. É que a esquiva nos esquiva de nós mesmos.
Essa história já está escrita. De fato, sempre narro a mesma coisa. É que não entendo, não me dou por satisfeito. O texto não está bom, a harmonia desanda, o tempo prolonga e a canção ainda não está boa, não está a sua altura, ou melhor, ainda não me deu a chave de ti.
Um Jesus, ou um simples ser doente cuja patologia principal é ser réptil, é arrastar-se pelos chãos. Ser e mover-se arrastado o tempo inteiro. Arrasto-me por você, porque sou cobra que não sabe nadar, e por isso, justamente por isso, não consigo afundar. por isso somos virtuose. movo-me sobre superfícies, e a mais preciosa dela seria você. você toca em belas teclas operárias do seu ser.
Sua pele, esta tela, meu piano amor.
Ele é piano. E eu um réptil.
Caminhamos para o bote, no tom exato.
Por esta pele, salvaguardando as virtuoses.