19.8.05

Eu quero sair daqui

Mostrei ao Pedro hoje uma foto, tirada pelo meu celular, do meu cachorro branco, em que ele estava lindo. Meigo. Submisso.
Ao voltar do remo na ultima quinta-feira, discutia com os remadores de cara-feia sobre a nike, coca-cola e pelé.
Pensava naquele momento e agora torno a pensar como a humanidade construiu o conceito de beleza, vindo desde platão, revisado, discutido, debatido, re-falado, inserido, amenizado, convencionado, rejeitado, referencia. referencia.
O cachorro preto é lindo com a bola na boca.
E na realidade eu me sinto cada vez mais medroso, ou vendo analiticamente a coisa horrenda e cruel que é o homem e não me sinto mais capaz de enxergar a beleza e para mim isso é preocupante pois o homem é feio, me machuca, me torno vulneravel, rosna, arranha, me morde, maltrata, só de olhar.
Escolhi amar duas pessoas que quanto mais me apego, mais elas me deixam sambando. E o que nós fazemos com o nosso sorriso? Na foto no escritorio eu não estou sorrindo. Evidente que elas mostrem os dentes de diversas formas para mim.
Evidente que o dente
Evidencia sem cadencia
Cade o animal?
Eu coloco os meus cachorros no colo e os nino como bêbê. Eu me comporto. Eu vejo beleza naquilo que talvez eu faça sem saber. Eu vejo beleza como forma de reconhecimento. Eu vejo beleza para não escutar o samba infernal, quase inaudível que me estremece. Eu vejo beleza onde só há precariedade, submissão, eu. Eu me sinto belo. Eu escondo-me. Uma saída para a vida?

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