26.6.07

eu digo: sempre ele

se as páginas serão impressas, se as fotos sobreviverão após a breve luz, se dormir ainda é uma necessidade fatal, se os olhos ardem de tanta iluminação tecnológica, se na garganta há uma buzina latente, se eu vou conseguir decidir se amanhã decido alguma coisa é algo que ainda preciso parar para esquecer e, por isso, decidir.
muitos dizem que no brasil era impossível a predominância do modelo europeu do homem livre, pois aqui o sistema politico-econômico é outro: "a escravidão permanecerá por muito tempo como a caracteristica nacional do país..."
o fato é que sobre o palco anda e fala um único sujeito acorrentado aos seus pés e à sua boca. o fato, simples que é, é que a boca não conseguimos controlar e os passos jamais conseguimos direcionar. este é o fato. e esta é a escravidão.
aqueles muitos que diziam do brasil estavam errados por atribuírem características universais ao país.
o que de todo não é ruim. afinal, diz-se também que brasil é país nordestiço, síntese ou faixa de gaza, contendo tudo e todos.
mas eu não gosto disso. gosto de imaginar, mas é difícil ver. De todo modo, é preciso tentar saber.
quanto a mim, permaneço sem saber como me livrar disso mesmo, de mim. Hedda Glaber suicidou-se. Walter Benjamin também. Uma não aguentou a ordem ditada pela sua própria boca. Outro não aguentou a ordem fascista. E eu não aguento a ordem dos dias.
Eis que, por isso, ouço 'smoke gets in your eyes', pelos the platters, e, inesperadamente as fontes de luz que manchavam a minha vista desaparecem. é isso: eu entendo agora todas as cores das dores. um beijo, senhor, e até o dia do juízo final!

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