7.12.07

quando é o grande amor?

ainda hoje, nestes tórridos dias de tédio, existe o jogo denominado 'verdade e consequência'.
é justamente isso.
tudo deve fazer um sentido ou o outro.
é isso.
você deve escolher entre a verdade ou a consequência.
alguém ou algum motivo importante que justifique este instante.
é puro kid abelha.
e é assim.
eu sei que minha barriga avança neste meio quarto de vida.
sei que meu hálito não é uma brisa do verão.
sei que meu gozo desafina e que, mais ainda, meu corpo não dança, por pura incapacidade, conforme a música.
em resposta a isso, digo que não gosto dela.
mas, de fato, não é isso.
vejo todos os outros que não possuem problemas de tal natureza.
convivo com eles e sei que em todos, por mais que avançe a barriga ou qualquer outra coisa, eles não são eu.
eles não vivem a minha barriga.
mas eu dou me o direito de me enganar propositadamente.
e jogar 'verdade ou consequencia' é justamente o mais terrível e divertido engano. finjo pensar que ainda há causas e, por isso, consequências. finjo que acredito que verdades e, por isso, me assumo em mentiras.
pois o jogo pressupõe isso.
falar a verdade é, de fato, largar as mentiras.
e agir as consequências é possuir causas.
já que uma coisa não vive sem a outra.
e qual foi o final da história?
Ou melhor...
O que aconteceu de fato.
Alguém me cuspiu.
E vomitou o seu cuspe através de um beijo, que, na realidade, não era um beijo, era um atestado de superioridade.
ele agiu sobre mim, sem o mínimo senso de humor, como aquele

ser - deus - decidido - do - que - é - para - si.

e, fingiu tudo as custas da minha saliva.

e embaralhou meu rosto, desafiando-me para além do ridículo: aquele instante após a consciência do mal.

e o pior de tudo é que eu jamais pude brincar de 'verdade ou consequência'...
eu não falei a verdade e decidi falar o que já se falava entre os outros. resolvi agir as palavras de todo mundo. resolvi mentir para manter a verdade comum. quando, na verdade verdadeira, ei deveria rir do ser agressivo que me embaralhou o rosto. não só isso, como antes não teve nenhum pudor em afirmar que qualquer atitude que significasse aproximação seria uma guerrilha contra a qual ele deveria lutar.
eu nem era escudo. eu era muro. e o pior é que eu nem sei porque decidi ser muro.
por pura verdade daqueles que preferem mais saber de algo que não saber de si. para aqueles que sabem o que é faltar reconhecer. pois eu digo a verdade quando não sei me reconhecer.

e seu soubesse? saberia ter vivido um grande amor?

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