há três dias que acordo lembrando o dia anterior ao terceiro. amanhã
será o quarto dia onde eu irei acordar lembrando do quinto anterior. não
é à toa - mas é que na sexta-feira quase treze acordei com uma promessa
de felicidade.
não fiz nada disso - mas era como se tivesse
arrumado tudo que tinha, colocado na mala e preparado a minha ida. a
fuga não seria solitária, pelo contrário. havia marcado com ele que na
noite de sexta para sábado - quando todos estariam dançando com suas
vidas, sapatos, humores e saias - nesta noite, tudo largaríamos tudo e,
enfim, seríamos só nós.
as promessas são assim. prometem demais. hoje acordo prometendo não prometer nunca mais.
acordo
e espero - mas esta espera é uma espera que deseja matar a espera
cômoda, emburrecida, vazia de desejo e languida que me tomou justamente
nesta sexta - no dia da fuga.
a fuga não ocorreu. ou melhor, fugi
de mim de tal modo que produzi uma ressaca alucinante - não bebi muito. a
ressaca era um arrependimento pelo coma induzido da noite anterior,
ressaca que só faz aumentar.
não que eu não tenha feito nada - não
foi isso. até fiz. mas acho que ele não me esperou. talvez estivesse
com pressa, não sei. talvez eu não tenha nenhuma pressa, não sei.
de certo modo, acho que ainda acredito na promessa.
e
talvez ainda eu tenha me enganado. a fuga não é planejada. ela
acontece. quando ela irá ocorrer, se irá ocorrer, não sei, não posso
prever, nem prometer.
17.10.11
14.10.11
isso tudo, sem dúvida, me deixa completamente melancólico.
não estou bem certo do que seria, mas compreendo que tudo sairia lindamente.
e não estou forçando a barra.
estou hoje aqui, recolhido na ilha que é minha cama,
abandonado pelo caixeiro viajante
perdido entre ruas conhecidas
como se tudo que já fora percorrido
se tornasse novidade
ele é assim
eu fico, eu espero, me surpreendo até.
mas tô aqui.
- você poderia ter feito tudo diferente.
- eu sei.
- se você fizesse o que vc sabe fazer.
- eu sei.
- seria como vc queria.
- eu sei.
- e pq não fez?
- não consegui, falhei. não sei fazer. não sei mesmo.
mesmo que isso custe a mim a melancolia.
(conclui-se que ela tem cura, e a cura é vc.)
não estou bem certo do que seria, mas compreendo que tudo sairia lindamente.
e não estou forçando a barra.
estou hoje aqui, recolhido na ilha que é minha cama,
abandonado pelo caixeiro viajante
perdido entre ruas conhecidas
como se tudo que já fora percorrido
se tornasse novidade
ele é assim
eu fico, eu espero, me surpreendo até.
mas tô aqui.
- você poderia ter feito tudo diferente.
- eu sei.
- se você fizesse o que vc sabe fazer.
- eu sei.
- seria como vc queria.
- eu sei.
- e pq não fez?
- não consegui, falhei. não sei fazer. não sei mesmo.
mesmo que isso custe a mim a melancolia.
(conclui-se que ela tem cura, e a cura é vc.)
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