24.4.07

sobre os tempos do amor.

quando eu era o que eu não sou mais hoje sofria só de ver e pensar que algum dia eu poderia não mais ter controle sobre o que eu queria, o que eu poderia e o que eu futuramente viria a ser. quando eu era de um jeito que hoje desconheço eu acreditava que futuramente eu poderia conhecer algo além do que já havia decidamente conhecido. eu era e eu fui, quando eu sou. quando afinal é muito tempo para mim quando é aquilo lá que para frente ou para trás me situa e me descontrola aqui. o que eu posso dizer para você é que quarenta não é o dobro de vinte e que, além disso, tudo está certo se e apenas se dois e dois são cinco.
e mais: quando dois e dois são cinco há aí uma revelação. tal fenômeno evidencia um excesso, um mais, um peso que as coisas, por não existirem, devem necessariamente ter. o amor é uma delas. não existe e tem um peso enorme.
nada com isso tem adiposidade.
nada com isso possui o peso o excesso e rara densidade.
nada com isso revela-se tudo que nada em aparência não possui.
quando eu sou eu já fui.

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