27.8.07
a gente dois
eu sou apaixonado por você. alguém já te disse isso antes, desse jeito, nesta entonação? garanto que não. fique feliz. é a sua reação condicional. dê um sorriso amarelo, surpreenda-se e desvie o olhar. Gagueje e fale depois: isso é lindo. e depois: e então? e depois, mais riso. você quer mais alguma coisa de mim? eu não movo os olhos, continuo respirando, não movo as mãos, não movo os dentes, nada aparentemente acontece comigo. nada. dizer isso para você é simplesmente uma paralisia. não me pergunte se estou certo do que digo pois aí eu talvez reagisse da maneira como te obriguei a se portar. não pergunte nada pois não é o momento. beba a cerveja mais um pouco e justifique ali, no gole certeiro, toda essa loucura. pois é na cerveja que nós iremos nos encontrar, a cerveja é a nossa mediadora, por meio dela que talvez falemos as frases que sempre quisemos trocar e nunca tivemos coragem. a cerveja será o ponto de encontro de nós conosco dezessete anos atrás. só que, ao contrário dela, não estamos mais frescos, gelados, não descemos mais redondamente. tudo isso não passava de uma obrigação. e você sabe disso. você sabe que a frase que disse no início de conversa é só um início de conversa. é um oi. é uma estratégia, foi a forma que encontrei para retomar tudo. quero dizer, continuar a gente ou então, melhor, para fingir que ainda nos conhecemos. de que modo a gente é hoje? tempo nebuloso resolve aparecer e turvar tudo.
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1 comentário:
RELIGIÃO - RELIGARE - RELIGAR
lembranças de um dia que demorou a passar
relembrança de lembranças outrora martirizantes matizantes
no agora esquecidas e esquecidas irremomoráveis
asa branca, pomba do nordeste
que por brancas nuvens traz bons fluídos
página branca para uma nova história escrita idealizada
nos campos do centeio, do trigo e da cevada e dos girasóis que dão as costas para a vida
viver de novo para completar o que morto não permite reviver
o amor, o amor o amor - l. i. v. r. e.
que de qualquer jeito vale a pena
de perto e de longe no tempo
passado presente sem futuro
afinal l. i. b. e. r. d. a. d. e. ficou etéreo na modernidade oca das noites do final dos tempos
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