15.8.07

a voz da maconha

hoje eu ouvi a voz da maconha. ela era um tanto doce, um tanto amigável, um tanto risonha e um tanto distante. um tanto diz um tanto, a partir da distância daquele que observa uma paisagem cheia de passarinhos verdes (que contam histórias pelo telefone celular), árvores, duendes e outros bichos esquisitos que habitam o planeta que a voz da maconha reconhece.
o problema é que eu não reconheço o timbre, não sei exatamente o que aquele registro vocal quer dizer para mim. pois, além das palavras, havia uma voz doce e distante que eu jamais saberia em que lugar ela, a voz, estaria me colocando. senti-me o tal passarinho verde da paisagem.
ora a paisagem só é paisagem quando não estamos nela. um detalhe da composição paisagística, aquele que notamos com felicidade, alegria e, mais que tudo, distância.
essa voz, a da maconha, me fotografou. em um clique, ela me paralisou e disse: ai, que bonitinho! tocou na foto, mas não tocou em mim, apesar de eu ser aquele bichinho verde posado sobre a arvore, posando para a foto.
de tudo isso, tirei um comportamento meu que tenho de vez em quando.
de tudo isso, penso em um ataque de insegurança.
de tudo isso, quero, pretendo e planejo. é bom que se diga, sozinho.
de tudo isso, afirmo que voltar a me chocar com outro sujeito é simplesmente assustador e, quem sabe, reconfortante.

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