ao ver caetano andar em minha direção, eu não desviei o olhar. quando chegou, nada disse. sorriu e apareceu. pois o que acontece é que ele não anda. ele não caminha sobre a terra. ele surge. ele surge da terra.
e o seu surgimento não precisa dizer a que veio. ele, por si só, sendo, o diz. caetano é momento. caetano é instante-caetano. caetano é contexto.
estávamos um diante do outro. eu então pedi-lhe uma coisa, assim:
- posso te pedir uma coisa?
ele não respondeu. consentiu.
- sussurre um trecho pássaro proibido no meu ouvido esquerdo. por favor.
ele veio ainda mais a mim. minhas mãos então apoiaram-se sobre seu peito, de modo que eu fechasse o circuito energético.
ele murmurou aquela parte do vvvooooooaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
e eu estremeci.
e foi aí, neste exato momento, neste exato instante, que caetano soube o que é o instante-caetano.
tudo terminado, fui me embora sem nunca deixar de olhá-lo.
beijei-o dizendo mito.
separação que me lacera e me prepara para a próxima aparição.
uma santa separação.
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