10.11.07

disparate

é que vale a pena interromper tudo por isso.

eu odiei muito a postura dele quando fingiu que não lembrava que havia estudado comigo por aproximadamente 14 anos em uma mesma sala e que, inclusive, quando ele mudou de turno, saindo do turno da tarde para o turno matinal, eu fui com ele, acompanhei-o, éramos os dois recém chegados da turma mas ele hoje apagou-me de sua memória eu apenas naquele momento era puf! nada nada representava e tudo representava. sim pois ele estava representando too much.

achei impressionante o fato de hoje terem se passado 11 anos sem nada ter mudado. Desde aquela época ele me rejeitava, me rejeitou sempre, nunca quis saber de mim, apesar de eu correr atrás dele demasiadamente, sempre, eu estava sempre preocupado com ele, sabia, eu era o único que sabia que ele tinha bafo de ovo, ele adorava ovo, a empregada dele fazia diariamente ovos para ele, ele só comia ovo há onze anos atrás. ele tinha dois irmãos mais velhos. um bem mais velho e outro médio. ele era o caçula. lembro da voz da mãe dele. mas ele nunca lembrou de mim. nem naquela época. ele nunca havia me conhecido. e não seria agora que ele surpreenderia.

essa seria uma história de sucesso. uma história de estrela. se ele tivesse me reconhecido em meio a representação dele. não falo em nome da verdade e nem a desejo para mim. eu apenas gostaria de entrar na história dele, como alguém que habita no sangue que percorre o cérebro.

porém, me surpreendo agora. pois acabei de lembrar outra coisa. acabei de lembrar que a minha demanda pela memória alheia produziu mais memória. em mim. e, principalmente, nele.

o meu riso é justamente agora. agora posso dormir feliz.

pois, se ele não lembra nenhum detalhe do longo e afastado passado que tivemos, ao menos, ele há de lembrar da situação em que ele, fingindo não me ver, disse que não me viu. aqui que deposito todas as minhas fichas de esperanças.

será isso. para sempre.

eu serei sempre o fantasma dele.

já que eu não existo para ele, o que me resta é assombrá-lo.

Sem comentários: