2.4.07

para a desesperada de amor que doente persegue uma relação saudável como um banho no lindo lago de coca cola light do amor

um:
um tirésias sub_atômico pediu que eu lhe avisasse:jogue reto. Se procurar desvios, faça como a água.Tanto em um caso como outro procure jogar como a criança. de verdade, na matéria. jogos são bons, desde que sejam, por mais abstratos, materiais.
dois:
o que é pode deixar de ser?
o real pra mim é verdadeiro pra você?
três:
eu invento intenções. voce inventa enganos. eu e você enlaçam os pescoços com cordas discursivas para então depois acontecer o quê mesmo? já sei, suicídios possíveis. já sei, medrosas atitudes. já sei, dissipação de energia. não sei, o que você e eu querem dizer um ao outro mesmo?
quatro:
eu me predispus. você apareceu. eu já havia me decidido que haveria, por alguns meses, um você. e o você apareceu. mas você veio melhor que a encomenda. você é melhor que o você que o eu imaginou. e como fico? mais uma volta na corda.
cinco voltas:
nas corridas quem dá mais volta em menos tempo ganha. no mercado de suicídios também. obviamente o que vale é dar voltas e desaparecer nelas. ou então, performar a morte. um corpo no momento em que deixa de viver.
seis:
deixar de viver corresponderia, grosso modo, a deixar de produzir reações metabólicas. é mentira isso tudo. o corpo, mesmo morto, se transforma. a morte é a continuação da transformação. o corpo definha. o corpo vira o que era um corpo. o corpo se parte. o corpo, na realidade, dá a ver o que ele realmente é: meras plenas partes.
sete:
que importa quem diz eu?
oito?
para quem importam meus olhos? eles importam para quem os vê. eles são importados para todos os mundos que eu mesmo não vejo. mundos, mundos, mundos. as vezes não dou conta dos mundos. sempre, quis dizer.
nove
ela quis dizer ama você. mas ela ama mesmo a si. e isso é bom. verdadeiramente muito bom. ela quer se transformar. o bom disso é que ela quer que você a leve. uma mão, uma mãe. ela ama você. essencialmente. como a ela mesma olhando para ela por você. ela ama a si, por seus olhos, você, mediação. o eu que ela através de você consegue ver.

2 comentários:

BIOGRAFUS disse...

TIRÉSIAS


Eu, que estou cansado de abraçar frouxos abraços
a abatido pelo esgotamento do mesmo sono
aberto e sangrando de feridas curadas
e marcado por cicatrizes invisíveis
como certas reses e baleias do fundo do mar,

eu
que vim, cego e bêbado,
desafiando a noite e as estradas
em plena luz do dia, eu
que me julgo haver estado em todas as feridas
e ferido por mim mesmo em nome
de todos os seres humanos
na totalidade
do meu sofrimento pessoal, eu,


Akhenaton, Tirésias, Hamlet, Gilgamesh,
servo todo-poderoso dos ares e dos despenhadeiros,
da ilusão e do medo da eternidade, eu
que adivinho as palavras antes de me dizerem
e me esqueço facilmente de tudo que aprendi, eu
que ando despreocupadamente
pelas ruas esquecidas de Siena, Joigny, Santiago
e tantas outras cidades medievais modernas, eu
de antepassados inventados invencíveis
e que tentei cultivar ao sol do deserto as flores do inverno
e padeci de calor no meio da neve
esvaiando-se em cansaço, eu
que me julgo extraterrestre
e não encontro muitas vezes o caminho de volta
para o quarto do hotel,
esqueço o nome de meus irmãos
o telefone de casa, e não sei,
embora fantasie, a origem de meus ancestrais, eu,


Tirésias outra vez, cego desprezando o mito,
psicanalisado,
um faraó sem divindade e sem incesto,
me entrego agora: - que venha o anunciador
acima de minhas descrenças, os símbolos
depois da realidade e a lembrança
antes do esquecimento:


nada mais quero ver.


E que a luz se faça
ou não se faça
mas longe de meus olhos cegos
que nunca pretenderam de fato conhecê-la.

asdantas disse...

u-a-u.