11.2.08

no time for time

já sei que não irei me alongar por muito mais tempo. tenho plena consciência que devo encher o saco deste texto nas próximas linhas. creio que não é uma escolha minha. o fato de eu estar consciente de que nada mais quererei escrever não quer dizer necessariamente que eu simplesmente optei por não querer. é que sou assaltado por ímpetos fugazes e desconexos que não me permitem prosseguir através de um caminho por tempo demorado. em outras palavras, insisto em trocar de canal. mesmo que isso tudo aqui esteja interessante, mesmo que eu possa ver um futuro brilhante, talvez um conto para um concurso, talvez uma novela, talvez um magnífico romance, tudo isso me passa pela cabeça, mas não tenho fôlego. E isso é de nascença pois sempre tive asma, ou melhor, bronquite asmática. Sou daqueles que não conseguem correr por muito tempo e, para piorar tudo, durante um tempo fumei horrores. E ninguém pensa que asma é pura consciência. ok, vão comentar, há uma dose psicológica na asma, mas, eu irei observar, em qual atitude, sentimento, sensação, ação, reação, palavra, coisa ou asma que não possui uma dose psicológica? Sim, o viés psicanalítico de tudo isso já começa quando eu, ao decretar a minha incapacidade de correr por muito tempo, reconheço que fumo justamente para piorar toda a situação. Isso não seria mais um caso, frequente entre nós, de auto-sabotagem? Talvez não. Sabe porquê? Porque eu sinto falta de ar de verdade. E, nesses momentos, é incontrolável. Algo me toma. Como disse antes, sou assaltado pela coisa. Pelos impetos e pela asma. Fico sem ar de repente, sem ter muito o que escrever, sem ter muito para como e para onde correr. Agora, por exemplo, já disse tudo? Já não realizei as comparações que queria, que deveria fazer? Tudo já não foi feito? Sim, posso responder e ainda querer repetir tudo que disse. Ou seja, eu a partir de agora vou dizer o que eu já disse. Com certeza, por falta de assunto. Mas posso utilizar uma justificativa melhor. E a justificativa melhor é que, na repetição, tudo se justificará melhor. Ou seja, farei-me entender melhor. Bem, então, como eu estava dizendo, a minha vontade de escrever é breve. é uma vontade que dá e passa rapidamente. Mas ela não some, ela está sempre presente, mas confesso que tenho preguiça para uma coisa: reler. Não gosto de reler, posso até repetir o que já disse, mas não me peça para reler o que eu escrevi. Ou então, pior do que reler, é rebuscar o escrito. Torná-lo belo, perfeito para a apreciação alheia, torná-lo digno de aplausos. Olha, eu não tenho nada contra com quem faz esse tipo de coisas, até mesmo porque acredito que quem faz esse tipo de coisa não faz por que quer, mas sim porque é o único modo em que o cara encontrou para extravasar, expressar, tá me entendendo, colocar pra fora? As coisas são mais simples quando se utiliza a linguagem oral. É neste sentido. Não consigo falar por muito tempo sobre um único assunto, não consigo olhar muito tempo para uma só pessoa, não consigo ser feliz por muito tempo, não consigo chorar por muito tempo, não consigo realizar nada a longuíssimos prazos. meus planejamentos são sempre bem curtos, aqueles que geralmente não dão certo. pois precisam de mais tempo de maturação. irão falar: superficial. irei responder: plano e não pleno. e é isso. gente, porque se eu não nadar, ou andar, eu vou pra onde? para o fundo do poço? para os confins do universo? talvez sim. talvez seja lá onde minha respiração encontre repouso. isso eu não tinha falado na primeira vez. só disse agora. e chegou.

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