9.5.08

fique comigo_parte 1

eu gosto de deixar tudo bagunçado. eu gosto da paranóia. ninguém tem hoje coragem de dizer que paranóias é uma parada maneira. eu me amarro em ter paranoia. e a minha melhor para´noia é esta agora a que estou tendo. eu tenho um fetiche que me joga diretamente ao perigo. eu gosto de andar sobre pequenos alfinetes brancos e isso me causa imenso prazer. caminhar sobre algo que te fure, te fire diretamente, algo que você sabe porque você está tendo dor. só que eu posso e talvez devesse morrer. os alfinetes podem começar a enferrujar e talvez eu morra já que os alfinetes estão morrendo também. isso se o processo de oxigenação do alfinete for algo nocivo. e se a ferrugem é só uma capa protetora. e se a ferrugem é, de verdade, a experiência da velhice? a ferrugem poderia deixar de ser ruína?
você talvez nem saiba porque estou aqui. estou aqui porque não poderia estar em outro lugar, assim como você também não poderia estar em outro lugar. estamos juntos nessa. você sabe o que virá aqui a seguir? Sabe quais serão as próximas palavras, as próximas frases? consegue advinhar o que está por vir? não, evidentemente. nem eu. estou aqui como que fazendo este pensamento surgir para você, esperando que você acompanhe todo o meu raciocínio, que não é difícil, mas é complicado, pois eu sou prolixo e às vezes não consigo me fazer entender. mas você entende tudo, balança a cabeça, pensa na validade daquilo tudo como gesto artístico e, diante da conclusão, dá um sorrisinho com o canto esquerdo da boca.
chato isso né? pois, é. é assim que eu penso. não gostou vai embora, pode ir, caguei para você. vou continuar aqui, pensando, foda-se ouviu bem, já ouviu dizer em autonomia da obra de arte? não precisa acreditar em fadas, por que você já as conhece todas e todas elas são apenas eu. eu sou a fada única que aparece toda noite no seu quarto, através dos processos eletromagnéticos desta coisa chamada computador, ou microondas. eu não preciso existir. hoje em dia nem é preciso existir. e olha que já exaltaram tanto a vida. e mais, a fusão entre arte e vida.
confesso que nunca entendi este argumento: "os artistas começaram a fundir arte e vida". Como assim? até então, a vida era separada da arte, os pintores não passavam horas de suas vidas fazendo milhões de quadros, seja para nobre, seja para burguês, seja para ex-bbb, enfim, estaria eu eternizando um traço histórico da humanidade? talvez não, quero que saiba disso. talvez não. é ridículo, isso. dos artistas e blá blá blá. a não ser que, já naquela época, se assumisse a arte como alguma coisa vencida, ultrapassada. chacoalhar a arte é um gesto tão imbecil, tão idiota. tem gente que quer desencaretar a arte. tem gente que acredita em careta. extermínio dos caretas. tem gente nazista, purista, egoísta solta por aí. as três irmãs istas estão soltas por aí. e elas são iguais às irmãs de cinderela. elas manipulam. elas são feias, mal educadas, só sabem rir alto e falar asneiras e o pior de tudo. as irmãs são sapatas, todas. as três irmãs são mulheres que transam com mulheres.
e isso jamais poderia ocorrer em uma sociedade como a nossa. porque? você não anda na rua e não percebe? você não frequenta os supermercados? você não vê o que a gente passa por aí? você não é imerso nesta realidade? o flamengo perde de uma forma totalmente equivocada. e você só sabe que pensar que o jogo foi roubado. sua lógica está errada. o que você deve se perguntar é qual o jogo que não é roubado. qual será? haverá roubo sem jogo? Haverá jogo sem roubo. não acredito. nós somos todos fracos, cada vez mais assumimos todos os nossos vícios. esta é uma característica de nosso tempo. os vícios estão todos à mostra, as doenças pululam, as doenças, como são orgânicas, se reproduzem. a meiose e a mitose das doenças. o casulo das doenças. a borboleta da doença.
de repente eu percebo que nem eu quero ficar ouvindo mais este tec-tec-tec. é que eu não aguento mais esta pressão de pensar certo. quero parar de fazer a cabeça funcionar. essa é a grande utopia: fazer nossas máquinas pararem. quando será? não, vou dormir, amanhã a gente pensa mais nisso. será melhor assim.

1 comentário:

Anónimo disse...

fique comigo - parte pra sempre.
a cabeça nunca para.
e a doença nasce e eu observo.
ela se prolifera e eu dou gargalhadas das verrugas que brotam.
acho divertidas, as verrugas.
são novidade.
tento virar bruxa ou usar os alfinetes que espetam os pés para arrancá-las?
e assim nascerão verrugas também nos pés?
piso neles conscientemente.
a dor faz lembrar-ma a vida real.
e o flamengo não me ajuda.